tag:blogger.com,1999:blog-69249644186394509532024-03-21T20:02:48.688-07:00Apertando parafusos no vento...Uma busca de sis, uma cavação de pássaros e poesias..
Quem quiser aprender a apertar parafusos no vento, como diz Manoel de Barros, este é o alfinete que lhe enseta a vida.Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.comBlogger66125tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-3044823710880751062011-03-30T21:58:00.000-07:002011-03-30T22:05:00.985-07:00bad guy (garoto mau) Kim-Ki Dukcada coisa dele me muda... da entrevista dada sobre o filme... pensei onde ficaram minhas recordações doídas da infância... das surras de menino, das surras de casa, de rua... da palavra que não saiu e que ficou aprisionada em cristais de minha memória indissolúvel... casa de coisas dentro de mim... me embruteci em permanências... esses filmes me resgatam<br /><br />to assistindo renascer e isso vem à tona... pedaços de coisas que querelam muitas cores nesse paradouro que aparece em cada coisa...Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-5751363516516221292011-03-12T22:51:00.000-08:002011-03-12T22:59:13.501-08:00do outro lado de mimNo Outro Lado do Rio<br /><br />Finco o meu remo na água<br />Levo o teu remo no meu<br />Acredito ter visto uma luz no outro lado do rio<br /><br />O dia vai vencer aos poucos o frio<br />Acredito ter visto uma luz no outro lado do rio<br /><br />Principalmente acredito que nem tudo está perdido<br />Tanta lágrima, tanta lágrima e eu, sou um copo vazio<br /><br />Ouço uma voz que me chama, quase um suspiro<br />Rema, rema, rema-a, rema, rema rema-a<br /><br />Nesta margem do mundo o que não é represa é baldio<br />Acredito ter visto uma luz no outro lado do rio<br /><br />Eu, muito sério vou remando, e bem lá dentro sorrio<br />Acredito ter visto uma luz no outro lado do rio<br /><br />Principalmente acredito que nem tudo está perdido<br />Tanta lágrima, tanta lágrima e eu, sou um copo vazio<br /><br />Ouço uma voz que me chama, quase um suspiro<br />Rema, rema, rema-a, rema, rema rema-a<br /><br />Finco o meu remo na água<br />Levo o teu remo no meu<br />Acredito ter visto uma luz no outro lado do rioCaixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-75667686767088023822011-03-12T22:29:00.001-08:002011-03-12T22:41:24.753-08:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpehHkSetxUc4lvhJMM33jzVaj096vZ8XXoGeheRaIO_Cdr75x82xQ1gjF2_V2WZI_xx0hyphenhyphenGfMVQ-w0ygFnF_Zjb-qFi3SsPiCxufGxv0biwHL1hmTHEu16YlRBLb_r9ZxXk6MJvHDLE0/s1600/Ser-Crianca.gif"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 354px; height: 325px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpehHkSetxUc4lvhJMM33jzVaj096vZ8XXoGeheRaIO_Cdr75x82xQ1gjF2_V2WZI_xx0hyphenhyphenGfMVQ-w0ygFnF_Zjb-qFi3SsPiCxufGxv0biwHL1hmTHEu16YlRBLb_r9ZxXk6MJvHDLE0/s400/Ser-Crianca.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5583448185915540610" /></a><br />Há algo que jamais se esclareceu<br />Onde foi exatamente que larguei<br />Naquele dia mesmo<br />O leão que sempre cavalguei ? <br /><br />(Adriana Calcanhoto, Antônio Cícero)Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-84319528389355839222011-03-10T21:28:00.000-08:002011-03-10T21:39:56.908-08:00CapãoDo Capão, algumas coisas tomam o juízo rápido. O cheiro de independência que as pessoas usam debaixo de seus telhados e barracas e chalés e cofres abertos e desvendados... a vida entona sílabas... coisas bem em sintonia no prazer de ouvir o silencio das trilhas, os olhares cansados de um dia intenso e efusivo...<br /><br />conhecimento é muito pouco, realmente, brown fez essa pergunta que é ao mesmo tempo resposta e anedota: O que é mais inteligente o livro ou a sabedoria? queria poder dizer o livro, queria muito aprender a ler os hábitos e chegar antes que o sol tarde, ou nasça... mas a vista é muito úvula... tem coisa demais no capão... pizza de jaca é só um começo entrado... tem coisas que voam na cabeça de prego de cada coisa aprendida...<br /><br />fiquei num camping... tive como companheiro de barraca, ou porque não, de cela, de tela, de conversas, Edu... um apaixonado dado às intenções rogadas das mulheres belas... as coisa findas muito mais que lindas essas ficaram... ficaram nos seus acabados e barulhos...<br /><br />conheci pessoas legais, outras nem tão legais, mas souberam e tenderam à repartição e ao rebento... eu rebentei de som e lágrima na coisa ida, na coisa sã... um bom livro aberto, uma linguagem assim falada, assim entregue, assim parada...<br /><br />tive Bya, tive Dulce, Tive Neto em toda sua erva danada no juizo... muita cachoeira, muita fumaça... muito engodo, muita risada... a vida tem dessas coisas mais..Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-48048714349281808742010-08-23T17:59:00.000-07:002010-08-23T18:02:02.938-07:00Parede - meiaOlho que não fecha espera o dia <br />Entrar pela brecha da veneziana <br />Sono que não chega noite que não cessa <br />Dia que só dá a luz com cesariana <br />Olho que não fecha fica de vigia <br />Ladra quando passa a caravana <br />Bebe luz elétrica semeia ventania <br />Olho que não fecha queima <br />Que nem taturana <br />Vento de bala perdida zunindo na orelha <br />É de parede - meia É de parede - meia <br />Carro de bombeiro, grito, velha que chuleia <br />É de parede - meia É de parede - meia <br />É de parede - meia, menina <br />É de parede - meia <br />Não dorme que a tristeza mora de parede- meia...<br /><br /><br />(Interpretação: Ceumar.<br />Composição: Kléber Albuquerque)Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-6129643976860477722010-08-23T17:58:00.000-07:002010-08-23T17:59:20.128-07:00SalmoAntes eu era leve realmente..."quando eu n tinha esse olhar lacrimoso que hoje eu trago e, qiando adoçava meu canto e meu pranto no bagaço de cana do engenho...eu era livre como um rio...quando havia, quando havia galos, noites e quintais..." Belchior me traduz. Eu era leve, eu era superficial, mas vc foi me mostrando q a vida requer profundidade, foi-me mostrando q n se pode superfializar sentimentos, lutas sociais...e e percebi q tinha q ser mais antenado com diversas questões e fui descobrindo um mundo q está por trás dos risos forçados e por trás das mascaras de carnaval...fui descobrindo o carnaval por tras da festa e a quentura da fogueira de sao joão, quantos dedos tiveram q perder p poder fazer o traque...e quando começa a enbtender a vida como ela é...aí vc se questiona, se posiciona decepciona e se deprime...ai vc n brinca mais, por que suas brncadeiras n tinham graça, ou se tinham, naum se fazem nevcessárias hoje visto q n resolvem problemas, nem ajudam pessoas, nem salvam o mundo...<br /> <br />Percebo muito claro essa minha mudança...antes eu era bem egoista, bem sonhador, bem engraçado, palhaço...fazia planos de viajar c sacolas nas coostas, hoje eu ainda acho massa ainda quero viajar assim, mas sei q eh imporvável...como antes era, mas n tinha essa consciencia ddo impossivel que hoje eu tragoe tenho..<br />Mas vc me ajudou muito a fazer cm q eu amadurecesse...nossa amizade me fez e faz muoto bem, nossas conversas para mim soa melkhores q a mais bela peça de teatro, que o mais belo filme, e quando falo belo, naum quero dizer sentimental, mas intigante, interssante...conversar contigo eh algho que me exaure, que me embriaga, que me faz precisar tomar sonrisal pq me enche...rs.Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-49950128366372515672010-08-23T17:56:00.000-07:002010-08-23T17:57:04.071-07:00Recompondo cebolas...<br /><br />Acho essa definição fantástica, vc eh um "eu insubmisso"...quando relata q n quer enxergar o mais intimo de si, o q todos veem, o q vc afasta, mas quando se coloca no alto de um pé de jaca, vc ve ali, seu corpo inerte e o pior dessa auto analise, dessa visao alem do alcance, eh q eh no sentido proprio da palavra, quando nos vemos "de cima" vemos realmente alem do alcance, vemos, como diz drummond, viscerias sentimentais, tripas egoistas, vemos o mais intimo de nós e eu tenho medo...por isso n gosto de ficar sozinho, isso me fere muito, eh muito doído...<br /> <br />"se indo a fome de amar, resta o escárnio de lembrar de não o haver feito em melhor agrado... " Muito bom o raciocinio...vc realmente, jober, tem uma sensibilidade aflorada....Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-66141712469890400782010-04-30T16:23:00.000-07:002010-04-30T16:25:25.393-07:00lendo o visto e deixar confundido este coraçãoPrefiro pegar esse fininho de alegria que te tomou o corpo para conversarmos mais intensamente... não sei se vai dar tempo para escrever sobre a piscina, a carolina, a gosolina e ouvir aquela canção do Roberto... E te dizer, Baby, I love you... sinto você pulsando em cada palavra, com uma intensidade de hemisférios e de terremotos de vida e morte, Severina...<br /> <br />Bom, deus quis que tudo desse telha nesse teto infindo que é a tua cabeça... de prego, de persevejo, de turmalina, de não-sei-quê de sim que me faz tão bem e tanta coisa de não que te faz tão mal... Acredito que você ta cada vez mais se tentando enquanto provador de frases gostosas de leitura, de reflexões esparramadas como batatinha nascendo em redondilhas alexandrinas...<br /> <br />Eu, não tem jeito, me apaixono fácil por suas viagens em longuinetes... e me leva a skóis incríveis que os bares da vida não me premiam... <br /> <br />A vida é mesmo uma coisa perdida... a gente deu muita definição pra vida... virou entidade, orixá... a vida tem em nós condição generalíssima... me leva, te leva, "por isso eu levantei com uma vontade danada de mandar flores pro delegado. De bater na porta do vizinho, e desejar bom dia.De beijar o português da padaria..." (Zeca Baleiro)Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-1463182044852918452010-04-30T16:11:00.000-07:002010-04-30T16:19:05.549-07:00salmo responsorial a uma lagarta pintadaEscrevo porque sinto saudades. Porque existe o nada que é o deus que criou o céu e a terra. Porque são quatro e dezoito da madrugada e sinto o aperto no lembrar das pessoas tão levemente pesadas que em mim se transformaram em chuvas de muitas passagens...azul de um azul celeste celestial, azul que não há...azul que é sempre lembrança de algum lugar...<br /><br />De lá pra cá...muito tempo se indo, se vindo... muita poeira guardada na foligem de muitas calações e pirraças...você com suas palavras drágeas, eu com minha calada raiva...mar e sol e lua e vento...muito dentro de nós em ondinas...<br /><br />Alguma promessa de que tudo podia ser amizade um dia...um beijo de chocolate, "de algodão" nos preencheu e todo o universo fechado foi-se abrindo manhoso como balde emborcando em fonte tépida...morna de cartas e embrulhos..<br /><br />Palavras bonitas aparecendo e vidrando algumas distâncias...leve paisagem, coisa discreta de sim e de não...<br /><br />Mas tudo é passagem...<br /><br />Como é doído, digo difícil, ver de cima dum oiteiro estas lembranças como rebanhos, meio que parafraseando Alberto Caeiro...meio que meio-a-meio...<br /><br /><br />...Gostaria mesmo de entender os porquês do meu não proselitismo em não querer ver o mais óbvio, surpreendido e suspenso do caos...não querer ver é enxergar o mais claro dessa cegueira branca. Que cada um tem seu trem de risco e que, leve, leva à sua tamanhura e presteza...<br /><br />Se você fizer algum esforço, lembrará da minha dificuldade com perdas, de minha falta de sorte em não ter o quê amar-amaro...<br /><br />To lendo muito até me arderem os ônibus da vista Caio Fernando Abreu. Eus insubmissos afirmando fortições de desejo...uma querença dos milagres que em só diabo a coisa tontura, mas indo lento e andrajoso...<br /><br />Única coisa é que amizade é coisa de ter telefone funcionando e cara-de-pau para amedralhar...outras coisas aprendidas no avesso das conversas...aprendi que nem sempre se defende a verdade estampada nos lábios...é só enfeite, ou só ensaio.."a vida mesmo, a vida é muito pior" como bem referiu-se Belchior...<br /><br />Enamorei-me dias e meses de uma dona de longe que entrou em minha vida. Tudo tão instante...agora morto... porque se indo a fome de amar, resta o escárnio de lembrar de não o haver feito em melhor agrado...<br /><br />Um moço do doiro aparentou chegado, mas também se foi, deixando metros e metros de gravata e sorrisos longos...<br /><br />Amei. Até dar de doer no sono...minha carnes aprofundaram carências tão "obtusas"... são loirices bestas estas, mas minhas...<br /><br />escrevo porque você foi sílaba, uma parede, uma transvessal de dutos e viadutos...porque aprendi como é bom sentir saudades de alguém que, de repente, morre. E renasce vinhedo de outra freguesia...<br /><br />Tantos pontinhos, talvez três (. . .) fossem suficientes, mas não serão relações, tampouco ulteriores às reticencias e datas que me sobrevieram pelos dias de alteio e fanfarrice...tantas garrafas, pedras, memórias não deixam a gente se consumir quieto em esquecimento...<br /><br />Tudo pirraça um pouco<br /><br />Tudo é uma ganhação...um renovo...<br /><br />Algumas poesias só interpretei com a sua ajuda...as mesmas tem outro formato quando a gente as têm na cabeça e pensa devagar nelas como uma cisma...<br /><br />Eu agradeço de novo ter podido furtar o 'de melhor' que você pôde dar...visto de coração...<br /><br />É... tenho de por fim a esta costura de tanto ter o que dizer e não dizer... <br /><br />escrevi mesmo porque amo, afastado, modorrento, sonolento e sonhando... e amor é gripe suave, depois vira febre ameaçadora...e amar é para vida inteira, como marca de sarampo, bexiga ou vacina, ou sorvete de frutas vermelhas amargas e gostosas...<br /><br />Beijos...<br /><br />Dionísius.Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-91898491610466095252010-04-30T16:01:00.000-07:002010-04-30T16:08:22.294-07:00Oi, Meu único amor....<br /><br />Não tenho como revisar as emoções perante o lido. Meu corpo dói de te ler, vivo, dentro de mim, fulgente qual fogos de artifício. Nossa, Como entender esse amar-amaro que me consome...esse perder-se entre monstros da nossa própria criação...<br /><br />Não sei o que significam essas lágrimas duras que me ferem tanto...tudo é tão pesado. <br /><br />E a minha fuga de sentir tudo e me controlar do desespero, da febre infame que a vida representa.. <br /><br />Tudo é tão esparso...doído e assaltante do melhor de nós...<br /><br />To lendo convulsivamente Caio Fernando Abreu, talvez como forma de te sentir próximo, solto e revolto dentro de algumas páginas de minha história...<br /><br />dentro desse quarto:<br /><br />Sua alegria, eletricidade fogareira, sua isso e aquilo...tudo está impregnado no assoalho das lembranças mais doídas e fantasmas dessa doida vida...tudo dependendo de um telefonema e do meu medo de não importuná-lo mais e mais...definitivo, pós-parto, e a estação do outono outra vez inverno.<br /><br />amor é bicho instruído...diria esquisito. Prepara o terreno da lembrança e dos mesmos passeios terreais e bruitais...<br /><br />tem uma poesia de Drummond vista agora no assalto à obra completa que parece um recado sonetista, sei lá...um tanto providencial para os ânimos aleivados que estou... embaralhando as letras da sua resposta...<br /><br />Faz parte da seção Lavra, do "Lição de Coisas". Consta...<br /><br />Destruição<br /><br />Os amantes se amam cruelmente<br />e com se amarem tanto não se vêem.<br />Um se beija no outro, refletido.<br />Dois amantes que são? dois inimigos.<br /><br />Amantes são meninos estragados<br />pelo mimo de amar: e não percebem<br />quanto se pulverizam no enlaçar-se,<br />e como o que era mundo volve a nada.<br /><br />Nada, ninguém. Amor, puro fantasma<br />que os passeia de leve, assem a cobra<br />se imprime na lembrança de seu trilho.<br /><br />E eles quedam mordidos para sempre.<br />Deixaram de existir maos o existido<br />continua a doer eternamente.<br /><br />É doído cada recordação. Á proposito, não sei se vale saber, mas o seu chocolate ainda vive na minha geladeira...Uma amiga veio aqui em casa e reclamou, profundamente, do meu estado definitivo de "amar o perdido e deixar confundido este coração"...Ela não entenderia tão facilmente, por mais próxima que fosse seu estado em minha vida...Não advinharia as noites-travesseiras provocadas no sanhaço das pernas desse amor suicida, nem imaginaria os ensaios de cartas escritas a mim como forma de conter o vácuo que se formou entre o nada e o vão<br /><br />...Apaguei números, mensagens, tudo..escondia a pedra verde para não ter ali a memória daquela paixão mordida...e nada...suas risadas jazendo minha cabeça como trem de risco (meio que roubando o poema homônimo de Ana Bárbara, uma amiga)...flutuando em matérias de desassossego...<br /><br />"Invento o mais que a solidão me dá" (Milton Nascimento)<br /><br />Suplantava essa falta com mais leituras, pessoas, bichos, viagens...nada...o amor sobrevinha no esquecimento, na velhice, na própria burrice de continuar sofrendo...e estalava perverso aos cacos de vidro em cada passagem...<br /><br />Você bagunçou tudo..eu me achava organizado nessas disciplinas de não sofrer.. mas tudo barraventou, e a pescaria assanhou-se em meu juízo. Vacilando o próprio corpo na espera de calmarias. Decidi pelo engaste...pelo cais...pelo mar<br /><br />E...<br /><br />Eu te amo e não sei, nesse momento das duas e treze da madrugada, fazer outra coisa que não ebulir esse coração de gás e saudade e controlá-lo da vontade de te beijar preciso e urgentemente...imaginar os nossos chãos saindo de nós e tudo pegando vento pelo quarto e pelos quadris...<br /><br />Queria ter o direito de cometer mais outro erro em minha vida: estar contigo, ser teu e ser meu... como a fé dos desesperados, como açucar para diabéticos<br /><br />...o grande problema... eu não conto com os seus cuidados, nem sei se cuidaria ou sequer cuidei de você e de suas fomes e alegrias e tristezas...<br /><br />eu só sei que valeria apena ralhar e moldar a cara no cimento granzeiro outra vez...a fim de sentir o já havido..<br /><br />Sei que são palavras obcenas...e mais obceno é todo branco enfestio, bravo, devotante de não ser sempre virgem dentro desse sangue em meu corpo...<br /><br />"Eu não gosto do bom senso, eu não gosto dos bons modos...eu gosto dos que têm fome, dos que secam de desejo, dos que ardem"...como diz Kerowak....<br /><br />Ah...quero escrever especificamente de algumas partes do seu responsório bem lindo-limpo e nas palavras mais doces, agradeço...<br /><br />Primeiro, com uma dúvida..."como definir?" eu não saberia me definir como sujeito histórico do que vivi... como posso permanecer ainda vivo...saído de tanto orgulho, de tanto medo, de tanta vergonha do amar vasto que me invadiu contigo. <br /><br />Eu era quem queria ter uma sobra do teu tempo para que vc pudesse definir o que aconteceu realmente no mês sem notícia e sem nada que pudesse aliviar e livrar meu corpo de mim, de meus dilaceramentos...Eu chorei tanto...me esc...também não quero fazer drama...chega de platonices...a vida é o que é...doce pânico...<br /><br />Fiquei sem entender muito a falta que lhe fiz...<br /><br /><br /><br />Beijos<br /><br />Ainda, seu cuidado...<br /><br />Descuidadamente,<br />Eu<br /><br />(Também "te beijo nesse fim" ...)<br /><br />Qualquer<br /><br />Qualquer tempo é tempo<br />A hora mesma da morte<br />é hora de nascer.<br /><br />Nenhum tempo é tempo<br />bastante para a ciência<br />de ver, rever.<br /><br />Tempo, contratempo<br />anulam-se, mas o sonho <br />resta, de viver.<br /><br />(Carlos Drummond de Andrade)Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-46945318977926758482010-04-30T15:51:00.000-07:002010-04-30T15:59:39.341-07:00ficçoes do interlúdioNão sei o que escreva. Tudo o que planejo é pouco, insuficiente ou demasiado. Saudades? sinto, muitas. Não é nenhum esforço lembrar de coisas que assomam meu pensamento, que o assaltam e preenchem sem que eu espere. Às vezes, sem que eu deseje. Sim, porque muitas vezes a gente não está muito a fim de pensar em algo de que dói lembrar, porque foi bom e a gente não tem mais.<br /> <br />Li suas belas palavras ontem, mas tive de esperar assentar para poder responder à altura. Na verdade, pra conseguir responder.<br /> <br />Ninguém que esteve minha boca, de lá pra cá. Lábio não beijou mais ninguém. A promessa de amizade que até hoje não se concretiza de vez em quando (em sempre) parece no horizonte distante de minha memória. <br /> <br />Minha ousadia não chega ao ponto de tentar te definir. De tentar definir sua passagem por mim, naquela doce esquina de minha vida. Esquina pela qual minha mente vagueia em noites de insônia. <br /> <br />Pensei em seu pai de ontem pra hoje. Tomei um susto ontem, logo amainado pela melhora que você disse que ele teve. Mande lembranças minhas (se é que ele lembra de mim) e meus desejos profundos de que ele melhore. Mande notícias dele pra mim.<br /> <br />Amar? Amar, amo, mas não sei como. Não sei se posso. Não sei nada. Invejo que saiba. <br /> <br />Té breve, te gosto e te beijo nesse fim,<br /> <br />"Seu cuidado..."Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-42879935195781644872010-04-30T15:50:00.000-07:002010-04-30T15:51:03.631-07:00LudismoQuebrar o brinquedo <br />é mais divertido.<br /> <br />As peças são outros jogos:<br />construiremos outro segredo.<br />Os cacos são outros reais<br />antes ocultos pela forma<br />e o jogo estraçalhado<br />se multiplica ao infinito<br />e é mais real que a integridade: mais lúcido.<br /> <br />Mundos frágeis adquiridos<br />no despedaçamento de um só.<br />E o saber do real múltiplo<br />e o sabor dos reais possíveis<br />e o livre jogo instituído<br />contra a limitação das coisas<br />contra a forma anterior do espelho.<br /> <br />E a vertigem das novas formas<br />multiplicando a consciência<br />e a consciência que se cria<br />em jogos múltiplos e lúcidos<br />até gerar-se totalmente:<br />no exercício do jogo<br />esgotando os níveis do ser.<br /> <br />Quebrar o brinquedo ainda<br />é mais brincar.<br /> <br />Orides FontelaCaixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-26128794893808759172010-04-29T23:49:00.000-07:002010-04-29T23:50:23.065-07:00Homofobia na EscolaMeninos agridem mais outros alunos gays e são muitas vezes estimulados pelos professores<br /><br />André Ribeiro <br /><br />Nikky (ela prefere usar o apelido) se orgulhava de ser aluna de uma escola particular tida como ‘liberal’ em Campinas. Não precisava usar uniforme completo, podia usar piercings e ela até já foi pra escola de moicano, um penteado punk com pontas de um palmo de altura. Casais de namorados podiam se beijar à vontade, ao contrário de outras escolas, e ela não pensou duas vezes antes de beijar sua namorada no pátio do colégio. A reação foi devastadora. “Um amigo meu veio me dizer que achava que eu quis aparecer, que se eu queria ser lésbica, que fosse entre quatro paredes. Que as pessoas não eram obrigadas a ver isso”.<br />Essa intolerância é enfrentada por milhares de alunos e alunas homossexuais da rede de ensino de Campinas todos os dias. Parte dessa intolerância acaba resultando em violência escolar. “Eu sofri agressões físicas, verbais e ‘tecnológicas’,” desabafa Augusto Kobayashi, aluno do ensino médio e assumidamente homossexual. “Levava socos, chutes, cotovelatas, joelhadas e empurrões.” Augusto ainda diz que o grupo de meninos que o importunava, não satisfeito com as agressões físicas e verbais, espalhavam pelos computadores da escola imagens dele caracterizado como travesti e com as unhas pintadas de rosa.<br /><br />Fenômeno masculino<br />Segundo pesquisa da UNESCO divulgada este ano, sobre violência, Aids e drogas nas escolas, 28% dos alunos do ensino fundamental e médio do estado de São Paulo não gostariam de ter homossexuais como colegas de classe. Essa proporção aumenta se enfocarmos apenas os alunos do sexo masculino: cêrca de 41% dos meninos não toleram colegas gays ou lésbicas. <br /><br />Mary Garcia Castro, coordenadora da pesquisa da UNESCO, acredita que a discriminação contra homossexuais (também chamada de homofobia), ao contrário das de outros tipos, é não apenas mais abertamente assumida, pelos meninos, como é valorizada por eles, o que sugere um padrão de afirmação de masculinidade. “A homofobia pode expressar-se numa espécie de terror de não ser mais considerado como um homem de verdade”, diz a pesquisadora. <br /><br />Segundo a mesma pesquisa, “Bater em homossexuais” foi classificada pelas meninas como a terceira forma de violência mais grave, atrás apenas de “Atirar em alguém” e “Estuprar”, enquanto para os meninos ela ocupa apenas a sexta posição, atrás de “Usar drogas” ou simplesmente “Andar armado”. <br /><br />Essa conclusão encontra eco entre outros pesquisadores e profissionais que lidam com jovens, dentro e fora do Brasil. O holandês Theo van der Meer, que entrevistou mais de 300 agressores de homossexuais condenados, concluiu que todos são homens e sofrem de uma auto-estima baixa ou exageradamente alta. Para esses jovens, bater em homossexuais – que eles consideram fracos e afeminados – seria como um ritual de passagem, uma afirmação de força. Murilo Moura Sarno, médico do programa da Saúde da Família de São Paulo e que conversa com alunos da rede pública sobre sexualidade, já presenciou esse potencial de agressão. “Um aluno da oitava série afirmou categoricamente que se encontrasse um casal gay num shopping, iria esperar na garagem com um bastão de ferro para quebrar a cabeça dos dois até matar o casal,” afirmou o médico. “E foi apoiado pelos outros amigos”.<br /><br />Professores preconceituosos<br />João Augusto, aluno homossexual de um cursinho pré-vestibular em Campinas, se sente extremamente ofendido com as diversas piadinhas feitas pelos professores – quase todas tendo gays como alvo. “Como fazer com que essas piadinhas acabem, sem me expôr?”, questiona ele. “O que fazer quando as pessoas que deveriam nos proteger em sala são as que mais agridem?” <br /><br />Segundo a pesquisadora da UNESCO Mary Castro, isso é normal. “Muitas vezes os professores não apenas silenciam, mas colaboram ativamente na reprodução de tal violência” Os dados da pesquisa mostram que apenas 2,3% dos professores do estado não gostariam de ter alunos homossexuais. “Mas alguns consideram que as brincadeiras não são manifestações de agressão,” ressalta a pesquisadora, “naturalizando e banalizando expressões de preconceito.”<br /><br />Todos os especialistas consultados concordam que o silêncio é a pior forma de se lidar com o assunto. “Precisamos de intervenções mais sérias nas escolas,” sugere o médico Murilo Sarno, “Primeiro sobre cidadania, depois sobre sexualidades, todas elas.” A conclusão da UNESCO vai além e pede por investimentos em uma “cultura de convivência com a diversidade” que até pode se valer da informação, mas que deve se utilizar, principalmente, do “debate e o questionamento das irracionalidades que sustentam discriminações.”<br /><br />Os alunos fazem coro. “Falta diálogo,” diz Nikky. “Na minha classe um certo professor se referia às lesbicas como 'sapatonas machos e etc'. Um dia cheguei pra ele em particular e disse que aquilo me ofendia. Nunca mais ele falou.” Augusto acha que a escola simplesmente não enfoca o assunto. “Assim como temos aulas de biologia e história, deveriam reservar algumas aulas para tratar de cidadania, direitos e deveres, promover um debate entre os alunos, levar palestrantes, mostrar que os homossexuais não têm nada de diferente. As pessoas tendem a ter preconceito daquilo que nunca tiveram contato e esse debate ajudaria e muito no combate à discriminação contra os homossexuais e contra todos os outros tipos de minorias.”<br /><br />Indicação de fotos e gráficos: · Fotos de silhueta de alunas de mãos dadas num colégio, fotos de um dos especialistas entrevistados e/ou um dos alunos<br />· Gráfico da UNESCO mostrando as cinco ações consideradas mais violentas por alunos e alunas (“Bater em homossexuais” aparece em 3º. para as meninas e nem aparece (é apenas 6º.) para os meninos)<br />· Foto da sacanagem cibernética que fizeram com o aluno Augusto (modificada para preservar sua identidade), <br /><br />http://www.e-jovem.com/ e-mail: <decows@uol.com.br>Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-23600709812420307002010-04-29T22:07:00.000-07:002010-04-29T22:43:01.565-07:00Enquanto velo o meu sono<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg7Hs1MO_OXiOQZhL4wx17g4sjo63qaxshW8alidCFMUfwufQecLF0dKvNOUB6iSRgMFKsXCi49tnOGHhZEg4c4LiGNDZycqlvfmpPGQf-iY_39Yt4D_xt1vdoTkReiSNPvQIZTBao-54/s1600/OgAAAC6_HblNeeP6kcWrHrQJlRztizvNpsfdQiYOEy4WexoqZqCrQWvoA_eu91YFwKr9hxxz-_04n5Re6wO5aYGXuJgAm1T1UNW-sz49Taxb6ee557oDQLY7XS1R.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg7Hs1MO_OXiOQZhL4wx17g4sjo63qaxshW8alidCFMUfwufQecLF0dKvNOUB6iSRgMFKsXCi49tnOGHhZEg4c4LiGNDZycqlvfmpPGQf-iY_39Yt4D_xt1vdoTkReiSNPvQIZTBao-54/s400/OgAAAC6_HblNeeP6kcWrHrQJlRztizvNpsfdQiYOEy4WexoqZqCrQWvoA_eu91YFwKr9hxxz-_04n5Re6wO5aYGXuJgAm1T1UNW-sz49Taxb6ee557oDQLY7XS1R.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5465800683102312098" /></a><br />A vista cansa de olhar objetos inanimados... o corpo em cena quer vidas superpostas... eu grito a minha loucura, a minha ladrilha... e me arrasto,como um facho, na noite escura... começo a ladrar um absurdo diferente dos dias anteriores para me enfrentar gente em universos intensos de olhos e querenças... sinto como em disco volante, ouvindo gemidos de cinco irmãs em voluptoso furor ... "ânsias de febre e loucura, girando em polpas de alvuras. Lábios em brasas de amor"<br /><br />Essas coisas me despem o juízo...quero ganhar outros ares, outros luares, mas a vida, essa entidade derretida, toma os pulsos de minha casa e fico de novo aéreo, terremoto de fins... <br /><br />Você sabe dos meus sábados e domingos: escrevo cartas,leio os antigos poemas, entro em desuso com a natureza sã... é o meu intenso que me come... fico homem, fico mulher, sigo siglas... leio até a bíblia para me conter, para te decorar... canto o cântico dos cânticos para te esperar... os ouvidos se recusam a entrar em estado ótimo... fica ouvindo confusões de banheiro em deletreamento de rusgas e toques...<br /><br />outra vista...<br /><br />Você não vem nunca...e nunca lembra dessas reticências quando te escrevo? Não sente essas palavras me ultrapassando e te ultrajando...<br /><br />Fecho ou não a porta do quarto?<br /><br />Deixo a água esquentando?<br /><br />O computador funcionando?<br /><br />Você não quer responder... finge que não existe afeto... Então, zebras lhe mordam e vá catar morangos em pés de jaqueira e me esqueça...<br /><br />Você não sai de mim... fico escondendo as pedras, apagando mensagens de celular... Só resolve novos pânicos.<br /><br />Já,já entra maio, o mês das moitas... <br /><br />Nada... só esse juízo.<br /><br />Tá... vou continuar ouvindo O Rappa... caso queira virar as costas, tem para si toda a ajuda de bens... <br /><br />Agora, eu vou dormir... e nem adianta pousar nos meus sonhos quando, a muito custo, eu dormir. Faço questão de acordar...<br /><br />(Jober Pascoal)Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-20822444840247584002010-04-29T21:49:00.000-07:002010-04-29T21:50:03.400-07:00Bernardo Soares (Fernando Pessoa) <br /><br />119 <br /><br />Por entre a casaria, em intercalações de luz e sombra – ou, antes, de luz e de menos luz – a manhã desata-se sobre a cidade. Parece que não vem do sol mas da cidade, e que é dos muros e dos telhados que a luz do alto se desprende – não deles fisicamente, mas deles por estarem ali. <br />Sinto, ao senti-la, uma grande esperança; mas reconheço que a esperança é literária. Manhã, primavera, esperança – estão ligados em música pela mesma intenção melódica; estão ligados na lama pela mesma memória de uma igual intenção. Não: se a mim mesmo observo, como observo a cidade, reconheço que o que tenho que esperar é que este dia acabe, como todos os dias. A razão também vê a aurora. A esperança que pus nela, se a houve não foi minha: foi a dos homens que vivem a hora que passa, e a quem incarnei sem querer, o entendimento exterior neste momento. <br />Esperar? Que tenho eu que espere? O dia não me promete mais que o dia, e eu sei que ele tem decurso e fim. A luz anima-me mas não me melhora, pois sairei daqui como para aqui vim – mais velho em horas, mais alegre uma sensação, mais triste um pensamento. No que nasce tanto podemos sentir o que nasce como pensar o que há-de morrer. Agora, à luz ampla e alta, a paisagem da cidade é como de um campo de casas – é natural, é extensa, é combinada. Mas ainda no ver disto tudo poderei eu esquecer que existo? A minha consciência da cidade é, por dentro, a minha consciência de mim. <br />Lembro-me de repente de quando era criança e via, como hoje não posso ver, a manhã raiar sobre a cidade. Ela então não raiava para mim, mas para a vida, porque então eu (não sendo consciente) era a vida. Via a manhã, e tinha alegria; hoje vejo a manhã, e tenho alegria, e fico triste. A criança ficou mas emudeceu. Vejo como via, mas por trás dos olhos vejo-me vendo; e só com isto se me obscurece o sol e o verde das árvores é velho e as flores murcham antes de aparecidas. Sim, outrora eu era de aqui; hoje, a cada paisagem, nova para mim que seja, regresso estrangeiro, hóspede e peregrino da sua presentação, forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim. <br /><br />Já vi tudo, ainda o que nunca vi, nem o que nunca verei. No meu sangue corre até a menor das paisagens futuras, e a angústia do que terei que ver de novo é uma monotonia antecipada para mim. <br /><br />E debruçado ao parapeito, gozando do dia, sobre o volume vário da cidade inteira, só um pensamento me enche a alma – a vontade íntima de morrer, de acabar, de não ver mais luz sobre cidade alguma, de não pensar, de não sentir, de deixar atrás, como um papel de embrulho, o curso do sol e dos dias, de despir, como um traje pesado, à beira do grande leito, o esforço involuntário de ser.Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-43242958834301694512010-04-22T13:14:00.001-07:002010-04-22T13:15:43.427-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXVeJrKNyivULZFEziuZd3Hnb3lxaBAJdQJaW-WLnHiI0PTPvX_kFGpwzQJ3T7uCKOOU9rUY9zFuHKjWzDRBUNgrfvqWHtUyvmRSXn7hMwDZyNIGCVYMFXSZ_V4J3GlN5Xdu2uKerb_gI/s1600/blog_iemanja.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 285px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXVeJrKNyivULZFEziuZd3Hnb3lxaBAJdQJaW-WLnHiI0PTPvX_kFGpwzQJ3T7uCKOOU9rUY9zFuHKjWzDRBUNgrfvqWHtUyvmRSXn7hMwDZyNIGCVYMFXSZ_V4J3GlN5Xdu2uKerb_gI/s400/blog_iemanja.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5463058113520876802" /></a><br />Morena do Rio Vermelho (Osvaldo Fahel)Morena bela do Rio VermelhoSeu lindo olhar é um espelhoOnde eu vejo o luarTu tens nos olhos o verde do marE no verde mar dos teus olhosEu queria me afogarQuisera ser um chorãoCantar minhas mágoasem uma cançãoviver...e morrer prisioneiroEntre as paredes do teu coração.Morena, moreninha, moreninha belaMorena, eu quero casar com elaCaixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-56307361912592469042010-04-22T13:07:00.000-07:002010-04-22T13:14:00.090-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-B-K-Y8MJQHtJsN5HdMD6OsGhFGPZ_LaqtuMc0ju53e0UAP077Zm5s8yKdtsPZh1f_LsGypoJARCMoYChwGOMS_EoN_lpD4IkzmZJauKXjmExhojvrkgRAyuWaWvRmRyxskQitnd_jR8/s1600/menino+muro.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 383px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-B-K-Y8MJQHtJsN5HdMD6OsGhFGPZ_LaqtuMc0ju53e0UAP077Zm5s8yKdtsPZh1f_LsGypoJARCMoYChwGOMS_EoN_lpD4IkzmZJauKXjmExhojvrkgRAyuWaWvRmRyxskQitnd_jR8/s400/menino+muro.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5463057675141429650" /></a><br />Adelmo Oliveira<br /><br /><br />--------------------------------------------------------------------------------<br /><br /> <br /><br />Insônia <br /><br /><br />Avança madrugada vizinha <br />O sono não é o teu vigia <br />- O sono não chegou às pupilas <br /><br />A chuva é uma vassoura fina <br />Varrendo por cima dos telhados. <br /><br />Avança madrugada sozinha <br />O frio corta a pele matutina <br />- Gritam sapos que saltam tablados <br />Lá nas baixadas do Rio Sapato. <br /><br />A chuva é uma vassoura fina <br />Varrendo por cima dos telhados. <br /><br />O vento de açoite está uivando <br />Uiva nas esquinas <br />madrugadas <br />Com medo de lembranças que batem <br />- Cantigas antigas de ninar. <br /><br />A chuva é uma vassoura fina <br />Varrendo por cima dos telhados. <br /><br />Avança madrugada vizinha <br />- Cigarro <br />Joguei pelas cortinas <br />Das sombras da memória que vinha <br />Levando pedaços desta vida. <br /><br />A chuva é uma vassoura fina <br />Varrendo por cima dos telhados. <br /><br /><br />(Inédito)Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-86756864729187700382010-04-22T12:59:00.000-07:002010-04-22T13:06:30.091-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMPaTo1mEiH3937yBUcFiNfvKK_Csr_mC6ycEn_f8IjCurwp77BZ9j6ZDy6-KZumkSc-xBfBhwYP8I-aeV_wXR_e6mjHGfbe19tKNjhgATyMLrxGpXCMSQWVKO7-zG8EvEnLZSTbqAjcE/s1600/OQAAAFJ8EbfbmWZwl4d1OtAhg4GTGAI6_Tz8NHxOi8jfzoRlf6CNmAHAixncR53gO4TjQEkgWKPw4p_uEqwvdXRdwVAAm1T1UOxb9hOP3wo9aPu198WX-0zbGWjj.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMPaTo1mEiH3937yBUcFiNfvKK_Csr_mC6ycEn_f8IjCurwp77BZ9j6ZDy6-KZumkSc-xBfBhwYP8I-aeV_wXR_e6mjHGfbe19tKNjhgATyMLrxGpXCMSQWVKO7-zG8EvEnLZSTbqAjcE/s400/OQAAAFJ8EbfbmWZwl4d1OtAhg4GTGAI6_Tz8NHxOi8jfzoRlf6CNmAHAixncR53gO4TjQEkgWKPw4p_uEqwvdXRdwVAAm1T1UOxb9hOP3wo9aPu198WX-0zbGWjj.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5463055747153047042" /></a><br /><br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /> Adelmo Oliveira<br /><br /><br />--------------------------------------------------------------------------------<br /><br /> <br /><br />Balada dos Erros de um Profeta<br /><br /><br />Trago para dentro do mundo<br />Longos dias sem manhã<br />Longas noites sem aurora<br />– Estrelas caídas de bruços<br />No vazio<br /><br />Trago para dentro do mundo<br />A Voz – signo obscuro do medo<br />Grito de silêncio devorado pela esfinge<br />– Pedra-enígma da mente<br />Na vertigem<br /><br />Trago para dentro do mundo<br />O Sol – zodíaco das trevas<br />– Touro selvagem empalhado<br />Cuja língua vomita da boca<br />Sangue coagulado<br /><br />Trago para dentro do mundo<br />A Terra – bólide errante das esferas<br />– Assobio de náufragos e transeuntes cegos<br />Que trauteia um eco surdo nos ouvidos<br />E nos passos que se perdem<br /><br />Trago para dentro do mundo<br />A Lua – corvo branco da noite<br />Que ludibria o terror das sombras<br />Que dissimula a morbidez da loucura<br />E afia seus punhais contra o desespero dos dragões<br /><br />Trago para dentro do mundo<br />Este navio sem origem<br />– Este porto sem mar<br />Cuja âncora atraca na raiz das ruínas<br />Arquivos de ilusão<br /><br />Trago para dentro do mundo<br />Aquilo que é o meu corpo<br />Aquilo que é a minha alma<br />– Sopro veloz de um único suspiro<br />Entre o início do princípio e o ocaso do fimCaixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-59065391585517496352010-04-22T12:53:00.002-07:002010-04-22T12:57:16.134-07:00Este tão forjado segredo me esvazia de ilusões coloridas, de emoções esquecidas e por pouco vividas, de pequenas fragilidades incandescentes, de desejos rubros e me preenche dele todo, que sozinho, é tudo em mim, agora.Mas sabendo como os segredos bem guardados podem restar, sei que encolherá, se acomodará suavemente e com elegância nas imagens, cheiros, sons de alguma parte minha, e sendo apenas parte e não eu toda, deixará de ser pungente para ser um segredo recôndito - caixa-de-presente - na primeira gaveta do armário que, vez por outra, quando toca à pele, no escuro, causa um leve e secreto prazer, digno das mais nobres dores...Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-12000835156157000522010-04-22T12:53:00.001-07:002010-04-22T12:53:32.058-07:00Pardalzinho<br /><br /><br />O pardalzinho nasceu<br />Livre. Quebraram-lhe a asa.<br />Sacha lhe deu uma casa,<br />Água, comida e carinhos.<br />Foram cuidados em vão:<br />A casa era uma prisão,<br />O pardalzinho morreu.<br />O corpo Sacha enterrou<br />No jardim; a alma, essa voou<br />Para o céu dos passarinhos! <br /><br />Manuel BandeiraCaixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-84084758754785216152010-04-18T06:45:00.001-07:002010-04-18T06:45:51.226-07:00Sexta-feira à noite <br />(Marina Colasanti) <br /><br />Sexta-feira à noite<br />os homens acariciam o clitóris das esposas<br />com dedos molhados de saliva.<br />O mesmo gesto com que todos os dias<br />contam dinheiro papéis documentos<br />e folheiam nas revistas<br />a vida dos seus ídolos.<br /><br /><br />Sexta-feira à noite<br />os homens penetram suas esposas<br />com tédio e pênis.<br />O mesmo tédio com que todos os dias<br />enfiam o carro na garagem<br />o dedo no nariz<br />e metem a mão no bolso<br />para coçar o saco.<br /><br /><br />Sexta-feira à noite<br />os homens ressonam de borco<br />enquanto as mulheres no escuro<br />encaram seu destino<br />e sonham com o príncipe encantadoCaixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-54462082141264635632010-04-18T06:44:00.000-07:002010-04-18T06:45:20.073-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtL33lefM-3LU2EAoHBGCgbZ8Lvc_MWJRiZOlwPZzdb4BWN-J4EbbqSEyu9yZ08kb2xO33YtPAB57CksWWehM0W3KCXhImuNnVHcHZkBirxEkavw0-cwNnG23iw2Fb7kyzA9wKjeTzss4/s1600/OgAAAKi3ll8huHL4z1iuhxtOzIaGZM2O9poSC-fRtx7cIyjXnzmFzi7xIcEAt9MkWS1Ak5M0zt9tYJtINM9Gu1MSDo4Am1T1UBumRrYskMqPwFYP8Tnpyyrwrudz.jpg"><img style="cursor:pointer; cursor:hand;width: 150px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtL33lefM-3LU2EAoHBGCgbZ8Lvc_MWJRiZOlwPZzdb4BWN-J4EbbqSEyu9yZ08kb2xO33YtPAB57CksWWehM0W3KCXhImuNnVHcHZkBirxEkavw0-cwNnG23iw2Fb7kyzA9wKjeTzss4/s200/OgAAAKi3ll8huHL4z1iuhxtOzIaGZM2O9poSC-fRtx7cIyjXnzmFzi7xIcEAt9MkWS1Ak5M0zt9tYJtINM9Gu1MSDo4Am1T1UBumRrYskMqPwFYP8Tnpyyrwrudz.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5461473112977277586" /></a>Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-82805003281210206822010-04-08T22:30:00.000-07:002010-04-08T22:37:58.879-07:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVWYJrXxHTxWqv-4yJAhMUcMLGQvqmLv0RRxLwk6BNBdUTKLwqPp5kEcuMQaeWRdY0hgobmztE0pJ4WfoeHDtstpH2MNQXFzMm1Lkb3Gk-b2FKsxrOhy5Dum7B6U52UvawocGpaUfRSUs/s1600/pascoa1.jpg"><img style="cursor:pointer; cursor:hand;width: 190px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVWYJrXxHTxWqv-4yJAhMUcMLGQvqmLv0RRxLwk6BNBdUTKLwqPp5kEcuMQaeWRdY0hgobmztE0pJ4WfoeHDtstpH2MNQXFzMm1Lkb3Gk-b2FKsxrOhy5Dum7B6U52UvawocGpaUfRSUs/s200/pascoa1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5458007639155234274" /></a>Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-77876382251843210412010-04-02T13:59:00.000-07:002010-04-02T14:00:42.066-07:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnJYfuFHd96k1m-PLkd0JQHcrDabw1eVA1NYqM3D-v1V6-2rV2bxmKrYVQpIocZMihcTCS5zKc7vvdGNFVYsBTl5IBAhE1bMLwKcc9pJ78S4iSlRZpXrhB7Mr5WckZ2Tsesv3pB7aa0Mg/s1600/OgAAAGg0mVs_AURWmpOfgMmCMg9FwaGyJD74MHzzqDx_-6phlxMIaYvLq77DZBG06mkutO901QY47FHnSqHTfqNnjesAm1T1UI1baECqsN_HjZEJxFA819DM0SYe.jpg"><img style="cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnJYfuFHd96k1m-PLkd0JQHcrDabw1eVA1NYqM3D-v1V6-2rV2bxmKrYVQpIocZMihcTCS5zKc7vvdGNFVYsBTl5IBAhE1bMLwKcc9pJ78S4iSlRZpXrhB7Mr5WckZ2Tsesv3pB7aa0Mg/s200/OgAAAGg0mVs_AURWmpOfgMmCMg9FwaGyJD74MHzzqDx_-6phlxMIaYvLq77DZBG06mkutO901QY47FHnSqHTfqNnjesAm1T1UI1baECqsN_HjZEJxFA819DM0SYe.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5455647978299882082" /></a>Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6924964418639450953.post-50020709026542816472010-04-02T13:58:00.001-07:002010-04-02T13:58:10.343-07:00Eu e a Brisa<br /><br />Ah, se a juventude que essa brisa canta<br /><br />Ficasse aqui comigo mais um pouco<br />Eu poderia esquecer a dor<br />De ser tão só<br />Prá ser um sonho<br /><br />E aí, então, quem sabe alguém chegasse<br />Buscando um sonho em forma de desejo<br />Felicidade então prá nós seria<br /><br />E depois que a tarde nos trouxesse a lua<br />Se o amor chegasse eu não resistiria<br />E a madrugada acalentaria a nossa paz<br /><br />Fica, oh, brisa fica, pois talvez quem sabe<br />O inesperado faça uma surpresa<br />E traga alguém que queira te escutar<br />E junto a mim queira ficar...Caixa de abelhashttp://www.blogger.com/profile/01981708315195289490noreply@blogger.com0